23 agosto 2007

Antes do ano novo

Como sabem, para mim o ano novo é em Setembro. Faço anos e começam as aulas - or it used to be that way. E o dia de hoje, 23, dia de São receber e que por isso de certa forma marca um fim do mês antecipado em extractos de conta, parece-me um bom dia para balanço.

No início das férias entrei quase em desespero. É normal. Experimentem viajar em modo ultra-sónico e passar depois para a carroça de bois e digam-me se gostam. Mas a carroça é bucólica, calma, abana e a gente lá se vai habituando a ela.

Percebi que me tinha finalmente habituado a estas férias quando voltei a passar pelo hospital, a caminho de casa da L. e percebi que não iria conseguir ir para lá. Que aquele é o meu destino, mas não hoje, não agora. E depois de ter feito as contas (2 meses x 6 anos = a fazer o curso em menos 1 ano) e me ter irritado com a aritmética do Verão, abraço agora este tempo com os neurónios em pousio e percebo que, finalmente, tenho tanto para fazer com ele que nem sequer sei se ele me vai chegar.

Passei também pela fase da nostalgia, como os mais atentos devem ter percebido pela estranha lista de temas em cima. Genéricos do Tom Sawyer, Dartacão, Ana dos Cabelos Ruivos, entre outros, e a descoberta de um blog ainda mais nostálgico fizeram as delícias dos meus sorrisos por umas horas.

Pelo meio, Prof. Karamba deixa este artigo para a malta se rever. É verdade, agora as coisas são mais virtuais, há aulas para download e trabalhos feitos via msn. Vantagens desta nova geração com quem convivemos diariamente.

Entretanto, parte da minha geração faz renascer o espírito beatnik em modo voluntário. São imensos por esse mundo fora. Escrevem, pintam, compõem, fotografam, dão. Um espírito incrível. Sempre que vagueio pelos blogs sinto-me presa à cadeira, mas depois penso que daqui a uns anos posso fazer disso um modo de vida, nem que seja uns meses por ano.

Olho para trás e é tudo uma loucura. Parece que foi ontem que estava em pulgas, sem saber se tinha ou não entrado, se as décimas na média iam ou não chegar e de repente, puff!, primeiro ano feito. Nunca, nunca me arrependi e duvido que algum dia isso aconteça. Sinto a segurança de quem está no lugar certo, sabem como é?

Enfim e por fim vou ter umas férias decentes, Férias com F grande! Sábado vou com o J para Lanzarote, 1 semaninha tropical, prometo tirar fotos e assim os mais curiosos (ou melhor, mais curiosas) depois vêem também o novo visual dele ;) Fica já o aviso feito, de Sábado a Sábado vou estar sempre offline, para mails e tudo!

Bom, volto a postar depois das Férias...

where you been

Houve uma altura na minha vida em que ocupava o tempo a escrever sobre música. Por razões várias, mas sobretudo por ser fora de época, nunca cheguei a escrever nada sobre este álbum, mas sempre o quis fazer. É a lei do eterno retorno. Chegou a altura de o fazer.
Para Miss B. (miúda)


Dinosaur Jr

Where you been

Editado em 1993, Where you been é o meu álbum preferido dos Dinosaur Jr, a Fénix do indie rock que recentemente voou até Portugal. Não vi o concerto. Não tenho pena. Cada música na altura certa. Vi o J Mascis há uns anos (já perdi a conta…) no Hard Club e essa, sim, foi a altura certa – apesar de que, confesso, devo ter sido a única pessoa a gostar do concerto.

Where you been é uma ode às relações que nunca começaram, às que só existem na nossa cabeça e, sobretudo, às que acabam. Para que não restem dúvidas do que aqui se trata, o álbum abre logo com as guitarradas de Out there,. “.. I know you’re gone. I hope you got some friends to come along. I know you’re out there. I know you’re gone. You can’t say that’s fair. Can’t you be wrong? I feel ok. Sure, that’s not what people say. Maybe they’re wrong? Maybe you weren’t on my side all along?...” Uma afirmação em solos de guitarra, a raiva e o institinto de sobrevivência a darem o mote.

Já em Start Chopin a conversa é outra. “… Didn't say it's not ok But we aren't dealin' the same way I ain't tellin' you a secret I ain't tellin' you goodbye It's the last thing on my mind Still you won't let things unwind Spinnin' tight around your head Can't you hear a word I've said? I waited as long as I could If you need it, sure I would, that's fine I'm takin' away a lot of stuff I'm tellin' you it's rough but not goodbye…” Esperança numa ruptura não definitiva? A bateria trota que sim ao longo de todo o tema.

Mas a vida continua em What else is new“I'd like to see you In the morning In the evening But you need a warning (…)I'd like to see you Don't you miss it? Lied again today And now I wish that You'd believe me when I need to You should be weary, I would if I were you (…)You got things to do So, what else is new” Continua por vezes mais depressa para uns do que para outros, sobretudo quando a distância deixa pouco mais para dizer ao telephone do que olá, tudo bem…

Finalmente, uma luz. É preciso continuar. On the way. Deve ter sido dos temas que menos ouvi. Apesar das letras, o Where you been não é um álbum lamechas, mas este é, parece-me o tema mais rock do alinhamento. (Já agora, do modo lamechas encarrega-se Mascis no soberbo álbum a solo Martin + me, quiçá mais recomendável para a leitora “you don’t rock” a quem dedico este post) “I'd like to come and see you But what's it worth to know? Promise you'll make it easy You won't get me to go(…)Gone away. On the way I want to let you go(…)I've been a wreck so long, it's hard to pull it out Look to me, I feel the fool again.” A culpa e a insegurança do fim da relação, as cartas ridiculas,…

Ok, enganei-me. Not the same. Um lamento, quebrado aqui e ali por tons quase fúnebres… “And I know it's not the same, there's no blame Still I bother you And you say it's not true, dear, it's mine to fear We won't coexist- Any way you're not the same, it's the blame Follow along through It's a lingering that comes through me Does it come to you? Are we really through? Any guy would do this thing for me It's not much to ask Why can't you? I'm not gonna say I've had my way Miss your song tonight What else can I do?” (Já agora, vale a pena procurar a letra por inteiro…).

Funeral feito, há que fazer uma ode em tom primaveril com Get me. “You're not gonna get me through this are you (...) Anytime I'm there to show you But if it takes too long I know you Out the door just leavin' me screwed And it's on and on Everytime I try to fight it It's so hard to seem excited And if you don't turn then I'll bite it And it's on and on” Porque nos conhecemos bem demais; porque com a idade somos mais selectivos e, sobretudo, mais cínicos. E porque, feitas as contas, todas as relações têm tudo para não dar certo.

Cinismos à parte, temos drawerings. A verdade por debaixo da pele. “Do you know that it's alright? I been thinkin', seein' that's not how it's gotta be Ain't sayin' if it's worth the fight I'm a space but you can count on me to save your place And I know it's all to do with you and me (… ) Did you know I heard your voice? When I call to see if you're around, I have no choice Then the news is in my face Took a step to let the feeling go and lost my place (…)” Como encontramos o nosso lugar sozinhos, quando sentimos que ele é ao lado de alguém?...

Hide. “Damage setting in tell me where you been try not to ask again breakouts i can't defend twisted messages i send” Novamente a fúria da guitarras a fazer-se ouvir e a revelar uma verdade que se quer esconder. Por princípio ou medo.

Goin Home (é mesmo assim, não está mal escrito) é uma das minhas musicas preferidas. As guitarras apaziguam-se. E não há nada a dizer, é uma canção perfeita, desculpem-me a imodéstia no que se refere a este meu gosto em particular. E a letra vai toda no fim

Para acabar I ain’t saying. “Run outside, my house is burnin', your house is light up, now I'm learnin', it's not a good sign, wheels are turnin' and they're rollin' home to you. Left a few things I'll be back for, it's a drag, still need a few more when you're scratchin' at the back door and I'm rollin' home to you. Scratch it off, it won't stop peelin'. But you're hooked, you just stopped dealin', don't need walls you need a ceiling 'cause you're floatin' off again” Não te disse nada do que te escrevi, tudo o que deixei foi por puro esquecimento e não uma deixa para te rever. E agora, olho-me no espelho e sorrio. Conheço demasiado bem os meus próprios esquemas.

(Por fim, uma pequena nota para dizer que, na contracapa do álbum e na espécie de poster que se obtém ao desdobrar o booklet, há um desenho fabuloso, a fazer lembrar O Medo, de Munch)


In the place you said you'd meet me, I don't see you hanging around -I'm goin' home- If that's all you ever tell me, seems you don't wanna be found -And I'm goin' home- Don't come over, I can't get lower No more meetin', I been beaten Got a blast of what I should be busy doing. Yes, I'm lost -I'm goin' home- I want to tell you that I miss you, but I'm pissed you blew me off -I'm goin' home- No more meetin', I been beaten Go ahead fake it, I can't shake it I breath all alone I need nothing, I can do By the pound the tension's mountin' wrapped around me feelin' tight -I'm goin' home- If you're castin' out some psycho, you'll need me. Tantrum? I won't bite -I'm goin' home- On a day that's burnin' this crazed, don't tempt me 'cause I might -I'm goin' home- If it's gonna be the last time, well then maybe it's alright -I'm goin' home- It's inside, but go ahead fight it I've about had it, go ahead grab it I can't take it, go ahead fake it I breath all alone for you I need and you know it's true I breath all alone for you I need nothin', I can do People tell me that you miss me and I guess I'm doin' fine

07 agosto 2007

Ai as férias...

Estou, portanto, de férias. Depois da primeira euforia do não ter nada para fazer, depois de ir a uns jantares, acabar o livro que estava a ler e actualizar a visualização dos filmes que estavam na calha há mais tempo, confesso, estou farta.

Atingi o modo vegetativo no seu estado mais pleno: aquele em que nos aborrecemos por não estar a fazer nada, mas em que também não temos forças para fazer em concreto coisa alguma .

Pelo que, ontem à noite, virei-me para o pc. Descobri que num teste de qi em inglês sou génio e noutro, versão mais curta, em brasileiro, sou, bem, assim a dar para o burra. Tenho todos os sintomas de um workaholic digno desse nome mesmo não tendo ainda começado a trabalhar e, apesar de insistir no estilo de vida sedentário e de não conseguir largar o tabaco nem por de lado o stress, ainda assim, tenho uma idade real de menos 5-6 anos. Curioso, hem?

É claro que ainda não consegui fazer algumas coisas que devia, como por exemplo arrumar e organizar a papelada toda que anda por aqui espalhada. Livrei a mesa, apaguei mb, talvez mesmo gb de medicina do pc, isso sim, agora a minha estante continua a parecer alguém com palhinhas a saírem pela boca. Analogia estúpida, eu sei, mas não se esqueçam que ando a vegetar e este post é uma aventura para os neurónios semi-adormecidos.

De modo que gostei do cartoon. É que pelo andar da carruagem, eu não me reformo, estão a ver...