23 fevereiro 2007

A culpa é da chuva


Tenho andado a pensar em utilizar transportes públicos para aceder à faculdade. Sinceramente, em termos económicos não me compensa muito - a soma de gasóleo + portagens (com a adjuvante de que estas últimas não são descontadas na minha conta, virtuosismos da dependência económica) ultrapassa tão ligeiramente o encargo do passe combinado que, enfim, o crime (ambiental, entenda-se) faz-se compensar pelo comodismo/comodidade da opção. Resolvi assim adiar a decisão para meses mais estivais, nos quais os perigos de circular a pé por Lx à noite são razoavelmente menores.


No entanto, com todo o sururu em torno do aquecimento global, a minha mente ecologista, não convicta mas convencida, resolveu espicaçar-me, de maneira que tenho andado a considerar mais seriamente a questão. Até hoje.


Saio de casa e entro no meu azeitona (aka carro), embebida num sonambulismo optimista e fotofóbico, traduzido pelo endereço dos meus óculos de sol - só não fazem já parte da cara porque a quantidade de tempo indoors é consideravelmente grande. Estou já à entrada de Lx quando começa uma daquelas chuvas torrenciais de 5 minutos, que só acontecem por aqui (pelo menos com esta frequência) e me fazem acreditar que os geólogos ainda não descobriram mas, nos primórdios, Lisboa era uma pequena ilha tropical que veio atracar no continente. Olho de esguelha para o banco de trás e sorrio - lá está o meu guarda - chuva (e ainda bem porque a chuva voltou mesmo quando estava a caminhar para a faculdade). Que eu nunca levaria no bus. Sim, o meu carro é uma mistura de armário e loja de conveniência com rodas.


Há quem diga que "aos vinte e tal o carro é um objecto de afeição". Seja. Certo, certo, é que o espírito da sacrifício em prol da ecologia foi, pelo menos para já, por água abaixo. Literalmente.


P. S.: A foto que ilustra este post é, para mim, a melhor que tirei até hoje, no último Verão, em Madrid.

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